26 de junho de 2009

Café Piolho. 100 anos

Onde passamos horas a estudar. Onde perdemos horas a fio sem estudar. Onde vivemos o entusiasmo das novas relações e a dor das separações. Onde conhecemos "n" namoradas e as esposas. Onde criamos laços de amizade com um sem número de amigos. Onde ingerimos litros e litros de cafeína. Onde queimamos milhares de cigarrros e respiramos os dos outros também. O meeting point. O ponto de partida e de chegada de grandes viagens. Onde davamos largas à discussão politica tantas vezes com o "pide" na mesa do lado.
Hoje, o Piolho (Âncora D'Ouro) é talvez mais um lugar de negócio como outro qualquer onde uma bica na esplanada é uma estopada para a mesada de qualquer estudante.
Onde param as pessoas? Muitos voltam aqui para beber uma taça de espumante "rosé", comer uma fatia de bolo e tomar um café (oferta da gerência, com direito a levar a chávena para casa), outros perderam-se nas teias da droga e arrumam automóveis, outros meteram os ideais no saco e agora usam gravata e são políticos de sucesso. Outros compõe, outros escrevem, outros pintam. Basta passar numa noite quente de primavera pelo Piolho e observar as centenas de pessoas que ali bebem e conversam para perceber que continua a ser significante para os jovens apesar dos polos universitarios se terem afastado do centro da cidade. Viva o Piolho! zct

15 de junho de 2009

Agora já me sinto alguém...

Nunca percebi porque os brancos querem ser morenos, os negros querem ser brancos, os pequenos querem ser grandes, as aldeias querem ser vilas, as vilas querem ser cidades. Mas, acho que já descobri. Portugal está mais rico. Conta com 5 novas cidades (tem 156 povoações com a categoria de cidade). Senhora da Hora deixou de ser uma velha vila para ser uma jovem cidade. É como se tivesse feito uma cirurgia plástica. Alguem vai beneficiar com esta história e não é a população em geral. Com a mudança, os ordenados dos autarcas também aumentam. Agora em vez de uma única junta de freguesia vão certamente passar a existir várias. Criam-se artificialmente novos empregos para uns amiguinhos. O estatuto de cidade não serve para nada, mas o povo sente-se promovido, aplaude e lança foguetes. Cada um tem a cidade que merece. zct

7 de junho de 2009

Eleições europeias e o pirata

Ellen Söderberg é a sensação das eleições europeias. Apenas com 18 anos é a mais jovem dos 785 deputados eleitos na Europa, a maioria de meia-idade e homens. Representa o Partido Pirata da Suécia e obteve 200.000 votos nas eleições realizadas hoje com uma percentagem de 7,1% próxima da que o CDS obteve em Portugal. O Partido advoga a mudança da legislação para facilitar o desenvolvimento global da sociedade da informação, que se caracteriza pela diversidade e liberdade. O fim último é que a cultura seja acessivel a todos. Exigem maior respeito pelos cidadãos, o direito à privacidade, e reformas para as leis dos direitos de autor (copyright) e das patentes. Consideram abusivas as leis que protegem os monopólios privados e as multinacionais da livre concorrência e que vendem os seus produtos aos preços que bem lhes apetece, sem que estes tenham alguma correspondência com os custos do desenvolvimento ou produção. Este movimento já se estendeu a mais de 50 países como associações de cidadãos tendo-se algumas transformado em partidos políticos para facilitar a capacidade de intervenção e o acesso aos meios de comunicação. Em Portugal já existe um site de uma organização que aparentemente partilha estes princípios. (ver aqui). zct

4 de junho de 2009

Era uma vez um monge ...

O lama Osel, um jovem espanhol considerado pelos tibetanos a reencarnação do seu primeiro líder espiritual, o lama Yeshe, vive em Madrid e estuda cinema desde que deixou o mosteiro onde passou a sua infância. Em entrevista publicada pelo jornal El Mundo, o jovem futuro líder espiritual dos tibetanos confessa ser "agnóstico" e não tencionar cumprir esse destino de santidade e de liderança religiosa que lhe foi traçado pela hierarquia dos monges do Tibete.
Aos 18 anos de idade, Osel Hita Torres decidiu "mandar na sua própria vida" e deixou o mosteiro de Sera, no sul da Índia, onde passou 12 anos da sua vida, por ali se sentir "infeliz". "Com 14 meses já me tinham reconhecido e levado para a Índia. Colocaram-me um gorro amarelo, sentaram-me num trono, as pessoas veneravam-me... Retiraram-me da família e colocaram-me num ambiente medieval em que sofri muitíssimo. Era como viver uma mentira". "A infância é o período mais importante da vida porque é quando nos formamos como pessoas, e a minha foi frustrante e cheia de sofrimento. O meu crescimento parou e há ainda muitos aspectos que preciso de amadurecer: convivência, sociabilidade, conhecer-me melhor, e descobrir quem sou..." confessou Osel agora com 24 anos. zct
(LUSA)31.5.2009